Há coisas que não têm de ser percebidas. Existem só porque sim e não devemos contrariar.
Outras devem apenas ser sentidas, vividas e pouco mais. Não devem ser racionalizadas, pensadas ou projetadas. Apenas existem.
Há coisas que não devemos procurar. Elas acontecem naturalmente quando têm de ocorrer. Quase numa perspetiva fatalista em que tudo está a mercê de um destino em que não acreditamos que exista.
Há a condenação da liberdade, uma busca sem precedentes pelo amor ideal, uma necessidade de encontrar a felicidade plena e a procura de qualquer coisa para completar um projeto de vida idealizado os vinte anos de idade.
Todo um conjunto de perspetivas que falham constantemente, que é condenada pelos objetivos delineados e que não se concretizam por uma infelicidade existencial que toma conta do ser.
Mas há coisas que não têm de ser percebidas...
Acho que é neste ponto de estagnação que se encontra a nossa sociedade, mais propriamente os jovens.
Andamos para aqui, movidos num jogo maior em que as regras não estão acessíveis a todos. Somos peões deslocados por entidades, peças de um monopólio em que percorremos a base de cartão do jogo em círculos sem sentido e não fazemos mais do que essas voltas intermináveis até falirmos e perdermos o interesse pelo caminho que seguimos vezes e vezes sem conta, sem objetivos concretos.
Há coisas que não têm de ser entendidas, mas esta não é uma delas!
Precisamos de um rumo, uma bússola que oriente os nossos caminhos. Uma projeção de futuro, sem teorizações e cientificidades que permitam a construção de um percurso de vida feliz.
Há necessidade de encontrar um sentido ou algo que mova as peças numa direção promissora que sejam mais do que a carreira, a construção de um pró-forma de família ideal e a utopia de um amor para a vida toda.
Neste momento não somos mais do que peças programadas desde que entramos no mundo escolar até à altura em que somos atirados para o mercado de trabalho, sem nada mais e nada menos do que os sonhos românticos de um jovem de vinte anos que tem em si «todos os sonhos do mundo».
Há coisas que têm de ser percebidas e a possibilidade de encontrarmos os nossos caminhos e sermos produtores da nossa própria felicidade é uma delas.
Para ser feliz não é preciso muito. O problema é que na vida tudo é relativo. E é essa relatividade que tem de ser trabalhada.
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