A (cão)fusão da eutanásia com os humanos
Lúcia Costa
A vida e a morte são dois temas que, desde sempre, nos atormentam. Não é por acaso que muitas religiões pretendem dar resposta ao que acontece depois da morte, com aquilo que fazemos em vida. O problema é que ainda ninguém conseguiu chegar a uma conclusão credível e objetiva que reúna o consenso geral.
O mesmo não se pode dizer com o que se passa em vida. Aí podemos agir, decidir, determinar e ser a mão que segura a marioneta. Acredito que o nosso livre-arbítrio nos torna capazes de discernir e de fazer opções da nossa vida e, consequentemente, da nossa morte. O que não invalida que haja por aí mentes brilhantes que me levam a pensar que a mão que segura a marioneta esteja com uma câimbra...
Ora, alguém que me explique de que forma é que ao mesmo tempo que se discute o direito à eutanásia nos humanos, se proíbe a eutanásia de animais em canis (cf.
Lei n.º 27/2016, de 23 de agosto)? (Os defensores dos animais não precisam de me odiar... é só uma reflexão.)
Como é que o valor da vida é diferente para os animais e para as pessoas?
Tenho notado que ultimamente se humaniza os animais, mas oh bolas!
Humanizam-se os animais e desumanizam-se os humanos?
Eu sei que os animais devem ter direitos e que não é correto abatê-los apenas porque não temos como tratá-los com dignidade. Mas, lamentavelmente, também há muita gente que deveria ter direito a cuidados de saúde, paliativos, de proximidade, de carinho e amor. Ou não?
A partir de que momento é que se deixa ter dignidade suficiente para viver?
O que é a dignidade, então?
Há dois pesos e duas medidas?
Será uma questão económica? De facto, a esperança média de vida aumentou e a sociedade tem um problema que está encapotado. Mas, será que se está a arranjar uma solução fácil, rápida e de pouco custo? A morte?
Eu sei que as pessoas devem ter o direito a decidir sobre a própria vida, mas o caminho que se está a seguir passa por atribuir a outros (mesmo que sejamos nós a declarar em plenas faculdades mentais) o destino da nossa vida. Ou da nossa morte...
Nero fez uma coisa semelhante... Ah, desculpem, Nero era louco... Dizem...
Nota: Atenção aos pontos de interrogação. São simples dúvidas, não afirmações...